24 de dezembro de 2009

Imagens

Em minha mente vivem flutuando representações e lugares, imagens que contém muitos significados que nem sempre consigo decifrar.

Um exemplo disso é que, antes de dormir, todas as noites, eu percebo que há uma imagem específica na minha cabeça que não tem absolutamente nada a ver com qualquer coisa que eu tenha visto ou pensado durante o dia.

Essa imagem parece ter saltado defesas que eu procuro manter sempre em vigília, mas que nesta hora, por alguma razão se afrouxam e dissimuladamente deixam passar formas que querem me dizer algo incognoscível.

Tenho a impressão que tais idéias se mantém à espreita, esperando um cochilo do meu eu pra me lembar o esquecido e me fazer re-colher memórias antigas, partes de mim perdidas em alguma instância arcaicamente construída e sumariamente abortada, mas carente de ser novamente sentida e pensada.

Quais imagens? Imagens que dizem tão pouco a quem me lê, quanto a mim mesma inserida numa auto-leitura. Em geral lugares, apenas espaços físicos, nada de cenas, lugares da minha infância: casas, portões, corredores e salas. Pedaços!

Acho que o plano de falar comigo tramado pelo meu próprio inconsciente é por demais infantil, já que pouco me diz. Talvez por estar internado no tempo de imagens sem verbos, classificando-se como sinais produzidos pelos reflexos de luz sobre os objetos em direção da meu olhar e arquivados como fotografias que significavam algo que eu já não sei mais o que é.

Outras imagens um pouco mais inteligíveis também me perseguem, mas num outro contexto. Explico: durante a análise, inúmeras vezes, muitos insights vêem acompanhados de informações visuais, nem sempre coerentes, mas indubitavelmente sufientes para completar em forma de efígie, uma idéia livremente associada.

Gosto de imagens e figuras de linguagem, gosto de conceitos, definições e significados, gosto de símbolos, de expressões faciais e de mãos expressivas, adoro olhares e traduções, me interesso por latim. Gosto do movimento que meu psiquismo coreografa sua tentativa de me in-formar de dentro pra fora e pra dentro de novo.

Imagens me marcam, me tatuam e me enchem de desejo de defrifá-las ao mesmo tempo que me inundam pelo medo de que o véu se rasgue.

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