14 de janeiro de 2011

Terapias Alternativas e Práticas Psicológicas


Terapia alternativa é toda e qualquer forma de tratamento que se diferencia dos meios convencionais de cuidado e cura empregados pela medicina e pela psicologia. Os modelos de terapia alternativa conhecidos atualmente são inúmeros, entre elas: astrologia; numerologia; cristaloterapia; terapia regressiva de vidas passadas; cromoterapia e florais, entre outras.


Tais práticas têm se proliferado consideravelmente há alguns anos no Brasil e seguem conquistando cada vez mais adeptos, apesar de haver dúvidas em torno da confiabilidade dos resultados, bem como em relação às competências dos profissionais que as aplicam (TAVARES, 2003).


Segundo Gauer (1997) a imensa procura destas práticas está atrelada ao fenômeno pós-moderno, favorecido pelo movimento hippie dos anos 70 que fez emergir, no âmbito social, as religiões orientais e a busca de integração indivíduo-cosmos. As terapias alternativas começaram efetivamente a ganhar espaço nos anos 80 – marcados pelo grande interesse das “camadas médias urbanas das práticas oraculares” (TAVARES, 2003, p.87) e desde os anos 90 quando deu-se início às disputas sobre a legitimidade de tais práticas.


Desde então, assiste-se inúmeras polêmicas e diferentes opiniões entre os profissionais da área da saúde, especialmente entre médicos e psicólogos, o que acaba por implicar em diferentes posicionamentos dos órgãos regulamentadores destas profissões (TAVARES, 2003). No caso da Psicologia, as modalidades de terapia acima mencionadas foram vetadas pelo Conselho Federal de Psicologia nos anos 90, posição que continua em vigor até hoje.


Vale atentar ao fato de que as mesmas motivações: problemas conjugias; relacões inter-pessoais; depressão; fobias; etc, provocam a busca por terapias alternativas ou pelo tratamento psicológico, talvez porque o sincretismo religioso típico do nosso país favorece a busca por modalidades diversas que abarquem explicações psicológicas e espirituais. Outro aspecto importante a se pensar é o fato de não haver clareza por parte dos profissionais – psicólogos e terapeutas alternativos, sobre o que embasa sua prática, o que, em última instância, gera confusão de papéis e desinformação da população.


Parece também que a pluralidade existente na Psicologia interfere na tentativa de classificação das práticas terapêuticas existentes. O único caminho para sair deste impasse é perceber que as terapias alternativas não decorrem diretamente das abordagens psicológicas, mas têm influência de religiões orientais, concepções holísticas de corpo, psiquismo e espiritualidade (GAUER, 1997).


Em suma, a Psicologia se diferencia das práticas alternativas não só por estar pautada na cientificidade, mas principalmente porque ela tem como objeto de estudo o sujeito enquanto ser bio-psico-social, não estando, por isso, atrelada a aspectos místicos espirituais. Tendo em vista que de uma maneira ou de outra tais práticas trazem benefícios (GAUER, 1997) não nos cabe realizar um juízo de valor a respeito delas, posto que simplesmente não as realizamos.


                      “O alternativo não se define, então, pela atividade prescrita em  si, nem pelo fato de se constituir como uma experiência nova no campo da intervenção psicológica, mas pelo tipo de conhecimento veiculado e pelas concepções de homem e de mundo a eles subjacentes” (GAUER, 1997, p.2).


Referências Bibliográficas:


BOCK, A.M.B.. Resolução CFP Nº 10/97 . Conselho Federal de Psicologia, Brasília,out/1997. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2002.

FURTADO, O.. Resolução CFP Nº 005/2002 . Conselho Federal de Psicologia Dispõe sobre a prática da acupuntura pelo psicólogo, Brasília, mai/2002. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2002.


GAUER, G.; SOUZA, M. L.; MOLIN, F. D; GOMES, W.B.. Terapias alternativas: uma questão contemporânea em psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO CIÊNCIA E PROFISSÃO DE BRASÍLIA, VL. 17, n.2., 1997, Brasília.


TAVARES, F. R. G.. Legitimidade Terapêutica no Brasil Contemporânea: As Terapias Alternativas no Âmbito do Saber Psicológico. [Editorial]. PSYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 13 (2):83 – 104, 2003.

2 comentários:

Homem Oco disse...

eu acho bem importante que a cientificidade e racionalidade sejam critérios excludentes na legitimização de uma linha terapêutica...nesse ponto, sou a favor das posições do CFP e do CFM...e mesmo do SENAD em questões como a maconha e a ayahuasca

agora, do ponto de vista individual, eu já experimentei terapias alternativas extremamente eficientes..acho que cabe a cada um buscar abordagens que conversem consigo..afinal, a razão humano tem um alcance bastante limitado..

bjos

Dd. Navarro disse...

Oi querido! É isso mesmo...o objetivo dos conselhos é informar aquilo que é e aquilo que não é psicoterapia e tb acho muito importante, pois as pessoas precisam ter condições para escolher. Sobre as terapias alternativas, também concorodo contigo...afinal devemos buscar aquilo que faz sentido pra gente ou que traga sentido. Beijos!