9 de maio de 2010

Ecologizando-se

Na época de Avatar, até os assuntos estão sendo reciclados. Quem poderia imaginar, há não muito tempo, duas amigas num café falando sobre sustentabilidade?!

Pois ontem, eu e uma amiga estávamos conversando sobre responsabilidade ambiental e conseqüentemente sobre a culpa neurótica que nos arrebata quando, por exemplo, saímos com várias sacolas plásticas do supermercado.

Eu fico tentando colocar várias coisas numa única sacola e chego a sentir uma pontada enfá(R)tica no peito quando o caixa do super resolve colocar uma sacola dentro da outra pra evitar a queda de uma garrafa de vinho ou frutas pesadas e tomates.

O pior é pensar que preciso das duas, porque a qualidade das sacolas nos mercados é tão ruim que corro o risco de desperdiçar a bendita garrafa de vinho pelo chão e desperdício, você sabe, é crime ambiental.

As vezes essa culpa vem em patamares mais elevados, outras vezes só ameaça aparecer.

Um exemplo disso é quando estou no segundo banho demorado e sempre quente do dia: a culpa quer surgir e eu repito pra mim mesma algo do tipo...”Pelo menos secador de cabelos você quase não usa e economiza água quando lava louça...!” e nessa falsa absolvição, suspiro de prazer debaixo de toda aquela água enquanto a culpa é evaporada.

Quando, na mesma situação, meus argumentos não são suficientes, desligo o chuveiro pra passar shampoo ou creme no cabelo.

Tenho uma amiga que é doutoranda pela USP com pesquisa na área de sustentabilidade e finanças sustentáveis e é bem gostoso conversar com ela. Me sinto menos impossibilitada à evoluir no aspecto da responsabilidade socioambiental durante nossos papos.

Ela diz que o que a gente precisa é aprender a usar as riquezas ambientais de forma mais inteligente, não com tanta irresponsabilidade e abuso, como vemos hoje. A idéia, segundo ela, não é deixar de usufruir o meio ambiente, mas buscar uma maneira menos consumista e menos perversa de fazer isso.

A verdade é que isso tudo ainda é novo pra mim, mas quarta-feira passada eu fiquei mais esperançosa em receber um indulto dos meus crimes ambientais.

Embora essa história soe mais a comodismo e, em certa medida, ignorância, já que não é uma solução minha, mas enfim...lá fui ao mercado de novo e enquanto esperava a minha vez na fila, ouvi a caixa oferecer uma sacola de papel reciclado pra cliente da frente, ao que a cliente respondeu: “Quero sim, quanto custa?”. A caixa explicou que era de graça e percebi em mim e na cliente da frente um mix de felicidade e surpresa, que acabou se intensificando quando a caixa falou: “Essas sacolas de papel fazem parte de uma experiência, mas o supermercado tem uma meta de acabar com todas as sacolas de plástico em 2 anos!”

Poxa! Pensei, que bacana isso!!!!

E quando ela ameaçou colocar minhas frutas em duas sacolas de plástico, uma dentro da outra aliás, eu disse a ela: “Desculpe, mas eu prefiro aquela de papel!”

Só as frutas continuavam pesadas!

2 comentários:

Anne disse...

Querida Dê,

amei seu texto! Muito! Para contribuir um pouquinho para amenizar a culpa: Estamos todos, o mundo inteiro, aprendendo como fazer evoluir o modelo de consumo que conhecemos (que é insustentável). Estamos todos na mesma caminhada... Mil beijos procê, Anne

Dd. Navarro disse...

Meu Deus que honra! Você não sabe...ia te escrever contando do texto e pra dizer que te citei (com certeza você percebeu, né?!)só não coloquei referência bibliográfica pq não tinha pedido permissão, hehehe
Mas agora q vc aprovou, tá registrado uma agradecimento pra minha fonte de informações sobre sustentabilidade. Beijos amore!!!