7 de abril de 2011

Integrar...tornar inteiro

Durante todo nosso processo de desenvolvimento lidamos com o conflito de ser um igual  e ao mesmo tempo ser único.

Na tentativa de se adaptar às exigências internas - desejos e medos, e às exigências externas - agradar a quem amamos, vamos nos munindo de defesas sentidas como essenciais à nossa sobrevivência física e emocional.

Muitas vezes, acabamos por nos esconder atrás de máscaras tão perfeitamente desenhadas sob a égide do instinto pela sobrevivência, que passamos a não mais notar a incoerência entre o reflexo destas máscaras no espelho da vida e a sensação de auto traição representada pela angústia de mantê-las.

Assim, nos surpreendemos, frequentemente, em meio às mesmas escolhas, comportamentos e modelos de relacionamento e parece que nem toda estranheza e insegurança desta percepção são capazes de mudar nossa direção.

Melanie Klein, Psicanalista, estudou a fase mais arcaica do desenvolvimento humano, os primeiros meses de vida, quando nós, ainda bebês indefesos e dependentes, vamos formulando teorias sobre a vida, a morte o amor e o ódio, em forma de fantasias que cooperam nesta busca de adequação "vital".

Sua teoria tem como centro o conceito das Posições através das quais nosso psiquismo funciona de forma dinâmica - Esquizoparanóide e Depressiva - didaticamente falando: a primeira lembra a paranóia mesmo, pessoas ou momentos em que nos sentimos perseguidos e prejudicados (abusados, desconsiderados, desrespeitados ou não reconhecidos) pelo outro e a segunda tem a ver com nossa sensação de ter prejudicado, machucado e/ou magoado profundamente o outro, ficamos inundados por sentimentos de culpa e arrependimento. Para a autora este funcionamento se dá durante toda a vida (migramos de uma posição para outra, podendo ficar mais tempo em uma ou em outra) e pode ocupar mais ou menos espaço de tempo cronológico de toda nossa história. Esta ocupação - em qual posição nos manteremos e como nos sentiremos - dependerá da força das nossas fantasias primitivas e do grau de capacidade instigadora presente nos moldes de relacionamentos que escolhemos ter.

É a possibilidade de integração dos apactos psíquicos destas duas posições que poderá possibilitar a sensação de unicidade, sem a culpa de ser quem somos e querer o que quisermos: enteder que é possível amar e odiar o outro sem destruí-lo e sem ser destruído  (retaliado), é também abrir mão das fantasias de onipotência e das idealizações, podendo conviver com as frustrações da vida.

Um bom começo para isso é se inteirar a respeito de si mesmo para poder esolher consciente e responsavelmente como deseja viver e se relacionar.

Tarefa difícil, mas possível por meio da análise ou da psicoterapia, ferramentas que ajudam no processo de integração dos diferentes aspectos - 'bons' e 'maus' - da nossa personalidade, bem como na aceitação e também integração destes mesmos aspectos presentes na personalidade das pessoas com as quais (con)vivemos.

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