8 de setembro de 2010

Resposta ao tempo

Estou lendo um livro muito bom chamado: Tempo e Subjetividade no Mundo Contemporâneo: Ressonâncias na Clínica Psicanalítica de Marília P. B. Millan.
A autora nos leva a pensar na influência intensa do tempo sobre a subjetividade do “homem” contemporâneo ao falar da velocidade capitalista e tecnológica de um tempo/espaço globalizante que pressiona e altera a nossa percepção de presente, passado e futuro e dá a sensação de fluidez sobre os momentos, sobre a vida, sobre as relações.
Ainda não terminei minha leitura. Por enquanto, quando leio, me pego "cantando Nana Caymmi" e fazendo muitas associações psicanalíticas que a música e o livro permitem.


Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

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