24 de janeiro de 2012

Contemporaneidade e Psicanálise

"O superego,agente da sociedade na mente, consiste sempre em representações interiorizadas de pais e outros símbolos de autoridade, mas é importante distinguir entre aquelas representações derivadas das impressões arcaicas, pré-edipianas, e as que se baseiam em impressões posteriores, refletindo, portanto, uma importância mais realista dos poderes parentais. Estritamente falando, esses últimos contribuem para a formação do "ideal de ego" -a interiorização das expectativas dos outros e dos traços amados e admirados neles; ao passo que o superego, distante do ideal do ego, deriva-se de fantasias primitivas, que contém uma grande mescla de agressão e ódio, que se originam do inevitável fracasso dos pais em satisfazer a todas as exigências instintivas do filho. Contudo, a parte agressiva, punitiva e mesmo auto-destrutiva do superego é geralmente  modificada pela experiência posterior, que abranda primitivas fantasias dos pais como monstros devoradores. Se fica faltando esta experiência - como acontece com tanta frequência em uma sociedade que desvalorizou radicalmente todas as formas de autoridade - pode-se esperar que o superego sádico desenvolva-se à custa do ideal do ego, o superego destrutivo à custa da severa, mas solicita, voz anterior, à que chamamos consciência". (Livro: A Cultura do narcisismo, Lash, 1983)