4 de dezembro de 2011

Velocidade

Tenho pensado bastante na super-velocidade dos acontecimentos, mas o que mais me chama a atenção é como todos nós temos pressa. Observo essa pressa, especialmente em profissionais que vivem em função de horário para atendimentos de todo tipo e mães com filhos pequenos, pra esses, os ponteiros apressados do relógio e a sensação interna de atraso são os maiores inimigos.

Pessoas nesta situação têm seus pensamentos atropelados pelo transito previsível e seus batimentos cardíacos intensifcados durante uma conversa mais demorada.

Se você prestar atenção nas conversas que se estabelecem entre essas pessoas, perceberá, entre outras coisas, um olhar que se distancia por causa do cálculo mental de cada minuto 'perdido' e partes do corpo se tensionando a cada frase do amigo. Um pé virado pro lado, preparando a saída e a cabeça balançando num 'sim' tenso e rápido pro que o outro diz, na tentativa de evitar uma discussão mais longa.

Mesmo porque, neste momento de tensão fica impossível redirecionar as descargas elétricas cerebrais para regiões ligadas à afetividade ou ao raciocínio lógico, dependendo do teor do papo.

Esses dias, conversando com outros psicólogos, falamos sobre a estranheza causada nas pessoas quando você não está com pressa. Quando se quer saber mais sobre o assunto, pergunta sobre mais detalhes e continua ouvindo interessadamente, cria-se um desconforto.

Parece que a outra pessoa fica esperando que algo aconteça, fica desconfiado se realmente você está interessado, tenta olhar bem nos seus olhos, pra garantir que você está sendo sincero e, as vezes, eu tenho a sensação que algumas pessoas se desesperam pensando que querem se livrar dessa conversa 'esquisita', como se não soubessem lidar com aquilo.
Me lembrei de uma música do Paulino da Viola chamada “Sinal Fechado”

Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?


Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe …
Quanto tempo… pois é…
Quanto tempo…


Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem


Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?


Quanto tempo… pois é… (pois é… quanto tempo…)
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer


Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa, rapidamente
Pra semana


O sinal …
Eu espero você
Vai abrir…
Por favor, não esqueça,
Adeus…