22 de maio de 2010

Laranja Mecânica: uma análise sob a perspectiva ética

O Laranja Mecânica (1971) mostra um futuro próximo, no qual a sociedade seria um caos. Para expressar essa idéia, a trama apresenta o cotidiano de Alex e seus amigos, governado pelo prazer na violência extrema. Em função disso, Alex vai preso por assassinato e, posteriormente, passa por um tratamento “moderno” que consiste em condicioná-lo ao padrão de conduta social vigente. O filme apresenta sinais da transitoriedade da moral moderna para outra da chamada Era pós dever, vista aliás, nos dias de hoje.

A Ética Filosófica Moderna está atrelada à noção de dever absoluto e tem como intuito libertar o homem do poder de seus impulsos irracionais, para isso, disseminou um método sistemático de conduta racional.

Este sistema de regras se apresenta recortado pela obrigação moral que estabelece disciplinas repressivas possibilitadas por meio da “primazia do controle no cotidiano moderno” (FOUCALT, 1996). Atrelado a isso, estão promessas de felicidade e realização possíveis, desde que sob a obediência ao sistema.

Esta combinação de fatores acabou por promover mecanismos de inclusão e exclusão, na medida em que as demandas sociais dos grandes centros tornavam-se incontroláveis. Eis a ambivalência da ética moderna: a impossibilidade prática de responder aos seus ideais, gerando contradições significativas.

O mal estar causado por essa realidade culminou na crise que impulsionou as sociedades ocidentais à nova perspectiva cultural e ética classificada pela Era do pós dever, discussão encontrada no filme Laranja Mecânica, que vislumbrou da falência da Ética Moderna e suas regras, tidas como eficazes na extinção de valores anormais à sua perspectiva.

Inaugurando modos inéditos de comportamento, Alex e seus amigos buscam o oposto das regras modernas de moral e repressão e têm como ideal de prazer a quebra de paradigmas sociais, eles são os “estranhos” que não se encaixaram no modo de vida imposto pelo sistema capitalista, denunciando que não há uma ordem total.

Um cenário bastante confuso, no qual convivem diferentes fenômenos que mesclam a moral moderna e era do pós dever, identificados nas máscaras usadas para cometer atos de vandalismo, dando uma idéia de dualidade; bem como o fato dos garotos beberem leite antes de sairem para praticar atos de vandalismo, o que denota a idéia da pureza perseguida pela modernidade ao mesmo que faz alusão ao nazismo (também representado nas roupas e nas atitudes de Alex e seus "druguis" - palavra originária do russo druk, amigo), e, por fim, a devoção à 9 sinfonia de Beethoven, usada como uma ode à moral e à cultural da época de sua criação. Lemos:

“Lipovetsky (2005) caracteriza essa convivência de dois discursos contemporâneos afirmando que de um lado, há um novo impulso moral; de outro, há o abismo da decadência, atestado pelo aumento da violência, da delinqüência e dos movimentos fundamentalistas, além do aumento das drogas e as novas formas de miséria” (MAIORINO, 2007, p. 1).

O tratamento pelo qual Alex passa na trama sugere a ideologia Moderna em sua totalidade: ele é um estranho frente à sociedade e por isso é submetido a uma técnica que busca condicionar o jovem de forma a encaixá-lo aos valores modernos, a ciência é posta em prática na busca pela ordem.

O filme também faz alusão ao Panopticum – modelo prisionário analisado por Foucault:

“O tratamento Ludovico visa a sujeição direta e automática, involuntária do indivíduo desviante através de seu condicionamento corporal, inscreve-se assim no moderno regime escópico do panopticum precisamente como um mecanismo automatizante de controle destinado á prevenção de falhas do funcionamento social disciplinar. A história do tratamento Ludovico é uma história falhada” (FREITAS, 2008. p.28)

Frente a estes aspectos, o filme apresenta a dicotomia entre a valorização do indivíduo, decorrente do contexto histórico da pós modernidade (neo individualismo) e as concepções ainda não abandonadas a respeito da adequação ao que é socialmente aceito – representando os ideais modernos.

Leia mais em: FREITAS, M.R.B. “O Panoptismo no Cinema: a Construção do Espaço Através do Olhar”. Disponível em: http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0610539_08_pretextual.pdf

Surpresa

De repente retorna
Um passado distante
Com sintoma ofegante
E promessa de volta

Espero na porta
E penso ao abrir
Melhor dar meia volta
E te deixar partir

Choro e sorriso
Amor e saudade
Ameaça e perigo
Ou Felicidade?

Notícias cedidas
Enfim a despedida
Verdade despida
Um ponto final.

16 de maio de 2010

Pesto de Rúcula

Pesto vem do italiano pestare, que significa triturar. Antigamente, na Itália, este processo era feito por meio de um mortajo, que consiste em um pequeno pilão de mármore, mas hoje em dia usa-se o prático e eficiente amigo liquidificador.

O molho pesto necessariamente leva muito azeite e nozes, além de um bom queijo italiano ralado, mas, diferentemente do que muita gente pensa, o molho pesto não precisa ser necessariamente feito com manjericão. Uma receita deliciosa de pesto feita com rúcula agrada o paladar de qualquer convidado, pode acreditar!

Nas palavras da profissional Marcella Hazan, autora do livro “Fundamentos da cozinha italiana clássica”: “O pesto nunca é cozido ou aquecido e, ainda que possa eventualmente ser muito bom para a sopa de legumes, tem apenas um grande papel: o de ser o mais sedutor de todos os molhos para massas”.

Há 2 meses fui a um restaurante e experimentei um Tortelloni de Cogumelos ao Molho Pesto de Rúcula. E decidi preparar este prato aqui em casa.

Passei logo cedo numa casa nova de massas em Pinheiros, mas infelizmente não encontrei o Tortelloni de cogumelos. Acabei comprando outra massa com recheio de mussarela de búfala e manjericão. Depois fui até o Mercado Municipal de Pinheiros e comprei a noz e o queijo.

Ficou bom demais! O pesto de rúcula tem um sabor mais suave do que o de manjericão e, por causa das folhas maiores, rende mais. Pode-se também acrescentar um pouco de manjericão neste molho pra intensificar o aroma do prato, eu não o fiz, porque a massa que comprei era recheada com manjericão.

Segue a receita do molho. Esta quantidade serve 4 pessoas:

PESTO DE RÚCULA

• 1 maço médio de rúcula

• 8 ramos de salsinha

• 3 dentes de alho

• 1 xícara (chá) de azeite de oliva

• 50g de nozes

• 80g de Parmesão Italiano Cativa (5 colheres de sopa cheias)

• Uma colher de sobremesa de Sal grosso


Preparo:

Lave a rúcula, seque e elimine a parte mais dura dos talos. Coloque o alho e o azeite de oliva no liquidificador e bata até obter uma pasta. Acrescente a rúcula e bata na função pulsar até triturá-la. Adicione as nozes, o queijo, o sal (e se quiser um pouco de pimenta do reino) e bata por alguns segundos. O molho está pronto.

Na hora de servir, misture ao pesto 2 colheres de sopa da água fervente usada para cozinhar a massa. Sirva com a massa recém cozida em pratos aquecido.

Dica: Para congelar o pesto: Prepare o molho até o final da segunda etapa e congele-o sem o queijo, que deve ser adicionado quando o molho for descongelado, apenas na hora de servir.

Uma colher de sopa tem 90 calorias!

14 de maio de 2010

INside

Um sorriso, um olhar
Tantas idéias na mente
A interpretação do desejo
Impede o contato frente a frente

Pro suspiro não virar gemido
E trair o disfarce adquirido
Pra que se mantenha o proposto
Em prol de coração disposto

Vontades indizíveis
Desejos escondidos
Um toque permitido
Mas no íntimo proibido

Energia e movimento
Camuflados no silêncio
Energia e movimento
Paralisados no tempo

Querer querer e temer querer
Querer não querer e não conseguir interromper
O controle sobre mim e o impedir da ação
O controle de você anseia a movimentação

Os cheiros despertam o instinto
Provocam arrepios sucintos
E a mistura do antigo e do agora
Faz ressurgir sem demora

Aquilo que ficou suspenso
Agora sob perigo intenso
Por causa de uma paixão forte
Que nos faz perder o norte

9 de maio de 2010

Ecologizando-se

Na época de Avatar, até os assuntos estão sendo reciclados. Quem poderia imaginar, há não muito tempo, duas amigas num café falando sobre sustentabilidade?!

Pois ontem, eu e uma amiga estávamos conversando sobre responsabilidade ambiental e conseqüentemente sobre a culpa neurótica que nos arrebata quando, por exemplo, saímos com várias sacolas plásticas do supermercado.

Eu fico tentando colocar várias coisas numa única sacola e chego a sentir uma pontada enfá(R)tica no peito quando o caixa do super resolve colocar uma sacola dentro da outra pra evitar a queda de uma garrafa de vinho ou frutas pesadas e tomates.

O pior é pensar que preciso das duas, porque a qualidade das sacolas nos mercados é tão ruim que corro o risco de desperdiçar a bendita garrafa de vinho pelo chão e desperdício, você sabe, é crime ambiental.

As vezes essa culpa vem em patamares mais elevados, outras vezes só ameaça aparecer.

Um exemplo disso é quando estou no segundo banho demorado e sempre quente do dia: a culpa quer surgir e eu repito pra mim mesma algo do tipo...”Pelo menos secador de cabelos você quase não usa e economiza água quando lava louça...!” e nessa falsa absolvição, suspiro de prazer debaixo de toda aquela água enquanto a culpa é evaporada.

Quando, na mesma situação, meus argumentos não são suficientes, desligo o chuveiro pra passar shampoo ou creme no cabelo.

Tenho uma amiga que é doutoranda pela USP com pesquisa na área de sustentabilidade e finanças sustentáveis e é bem gostoso conversar com ela. Me sinto menos impossibilitada à evoluir no aspecto da responsabilidade socioambiental durante nossos papos.

Ela diz que o que a gente precisa é aprender a usar as riquezas ambientais de forma mais inteligente, não com tanta irresponsabilidade e abuso, como vemos hoje. A idéia, segundo ela, não é deixar de usufruir o meio ambiente, mas buscar uma maneira menos consumista e menos perversa de fazer isso.

A verdade é que isso tudo ainda é novo pra mim, mas quarta-feira passada eu fiquei mais esperançosa em receber um indulto dos meus crimes ambientais.

Embora essa história soe mais a comodismo e, em certa medida, ignorância, já que não é uma solução minha, mas enfim...lá fui ao mercado de novo e enquanto esperava a minha vez na fila, ouvi a caixa oferecer uma sacola de papel reciclado pra cliente da frente, ao que a cliente respondeu: “Quero sim, quanto custa?”. A caixa explicou que era de graça e percebi em mim e na cliente da frente um mix de felicidade e surpresa, que acabou se intensificando quando a caixa falou: “Essas sacolas de papel fazem parte de uma experiência, mas o supermercado tem uma meta de acabar com todas as sacolas de plástico em 2 anos!”

Poxa! Pensei, que bacana isso!!!!

E quando ela ameaçou colocar minhas frutas em duas sacolas de plástico, uma dentro da outra aliás, eu disse a ela: “Desculpe, mas eu prefiro aquela de papel!”

Só as frutas continuavam pesadas!

2 de maio de 2010

Em boa companhia

Posso ouvir o fragor como a queda de um muro
Mas é um feixe de luz
Estilhaçando o escuro

A luz toma tanto espaço quanto a presença de um amigo
Ela clareia a estrada
Mas é ele o meu abrigo

Aperta minha mão um pouco mais forte e me conduz ao destino
Me ajuda a não desesperar
Nem cometer desatino

Suas mãos me dão motivo pra andar lugares que ainda me esperam
Intrigantes labirintos
Que aos poucos se desvelam

Numa forma indefinível cada passo se coreografa
O ritmo é dado pelo desejo
E a angústia logo passa

Os atalhos insistem e me querem desviar
Dão indício de cansaço
Pois falta um tanto pra chegar

O feixe de luz cresce e continua a iluminar
Mostra o bom e o ruim
Decido então continuar

Sigo bem acompanhada de uma voz amorosa, persistente
Que me leva a entender
Tudo o que meu corpo sente

A esperança de futuro me faz cruzar trilhas e planaltos
Os atravesso e então percebo
Que tenho sonhos mais altos

Desejo encontrar um lugar onde eu possa descansar
Mas a vida não me permite
Existir só pra sonhar.